Desde a suspensão no passado mês de março, o regresso do desporto e das competições organizadas pela AF Ponta Delgada tem sido feito de forma gradual.
Com todos os escalões de Futebol já a competir, ainda estão a ser dados os primeiros passos em alguns escalões de Futsal. No último fim-de-semana, estrearam-se mais dois: os Juvenis e os Iniciados. Para que a normalidade competitiva seja “restaurada”, apenas falta o arranque das provas de Infantis e Benjamins, agendado já para o próximo fim-de-semana e, por fim, as competições em Santa Maria, que também estão para muito em breve.
Na jornada inaugural do Campeonato de São Miguel de Juvenis, em Futsal, a AFPD deslocou-se até à freguesia de São Vicente Ferreira, para ver o Desportivo local defrontar o Clube Desportivo Juventude Candelária.
À altura em que as duas equipas subiram à quadra para fazer o aquecimento, um fator saltava logo à vista: havia uma diferença notória de idades entre os dois plantéis. E esta situação reflete de uma forma muito precisa uma dificuldade que muitos clubes da ilha (seja de Futsal ou Futebol) atravessam: reunir jogadores suficientes da mesma faixa etária para abrir uma equipa no escalão desejado.
Muitas vezes, os clubes são “forçados” a abrir uma equipa num escalão superior para poder construir o seu plantel. Isto acontece porque um jogador que é juvenil, só pode atuar naquele escalão (ou acima), enquanto que um jogador do escalão de Iniciados pode atuar no escalão superior. E foi este o caso do Grupo Desportivo São Vicente Ferreira. O seu plantel de Juvenis é composto por vários jogadores do escalão de Iniciados e, inclusivamente, alguns que ainda eram infantis.
A discrepância nas idades e a diferença física entre os jogadores eram por demais evidentes e esses fatores tiveram repercussões diretas no jogo e, claro está, no resultado da partida.
Desde o apito inicial, o CDJ Candelária, formação com mais experiência e qualidade técnica, dominou a posse de bola e controlou todos os aspetos da partida.
Com várias oportunidades nos primeiros minutos, incluindo um remate enviado ao poste, a formação forasteira só se adiantou no marcador ao minuto 7, através de um excelente remate acrobático de Gonçalo Cabral. No minuto seguinte, André Gonçalves ampliou a vantagem para 2-0.
Sem grandes capacidades para criar jogadas de perigo, o GD São Vicente Ferreira servia-se dos longos e precisos lançamentos do seu guarda-redes, Gonçalo Silva, que chegou a isolar várias vezes os companheiros de equipa, mas sempre sem o êxito certamente desejado.
Retirando esses momentos de contra-ataque, com bolas atiradas em profundidade, o CDJ Candelária ia controlando bem a partida, utilizando, até, a situação de guarda-redes avançado (5 para 4) para criar dificuldades na zona defensiva do GD São Vicente Ferreira e abrir espaços para gerar situações de perigo. E foi assim que o 3º golo apareceu, à volta do minuto 10: depois de um bom cruzamento vindo da direita, Gonçalo Cabral apareceu no centro da área, solto de marcação, bisando na partida. Aos 12 minutos, uma perda da posse de bola na zona defensiva resultou no 4-0, apontado por Henrique Duarte, que, depois de recuperar a bola, rodou para a baliza, desviou o guarda-rede da frente e atirou a contar para o fundo das redes. O 5º golo, que surgiu no minuto seguinte, foi semelhante: mau alívio na defesa e Diogo Martins capitalizou o erro.
Até ao intervalo, o resultado não viria a sofrer mais alterações, muito por culpa da grande exibição de Gonçalo Silva na baliza do GD São Vicente Ferreira. Além de isolar os colegas por várias vezes e de até ter sofrido 5 golos, o jovem guardião foi, sem dúvida, o melhor em campo para a equipa da casa, com intervenções de grande categoria, que impediram que o resultado fosse ainda mais dilatado ao intervalo.
Com a 2ª parte, chegaram algumas mudanças em ambas equipas, nomeadamente na baliza, com a entrada dos dois guarda-redes até então suplentes. E foi mesmo o guarda-redes recém-entrado do CDJ Candelária, Gonçalo Pereira, que apontou o 6º golo, ao minuto 23: depois de mais uma situação de 5 para 4, um violentíssimo remate do GR só acabou no fundo das redes adversárias.
Até ao minuto 30 da partida, o CDJ Candelária marcou mais 3: primeiro por Telmo Oliveira (27’), depois por Diogo Martins (30’), que também assinava um bis, e, por último, por Rodrigo Cordeiro (30’), um golo mais do que merecido para aquele que estava a ser um dos melhores em campo, jogando praticamente todos os minutos e sendo incansável durante toda a partida, seja na recuperação de bolas, na construção de jogo ou até na altura de assistir os seus colegas. Um prémio mais do que justo para um excelente jogo de Rodrigo Cordeiro.
Já nos últimos minutos da partida, oportunidade para mais dois jogadores bisarem na partida: Henrique Duarte (minuto 37’) e Gonçalo Pereira (38’), que voltou a marcar com um potente remate à distância e ditou o resultado em 11-0.
No final da partida, ficou patente que a diferença entre as idades, a constituição física e a qualidade técnico-tática acabaram por ser os principais fatores para o desnivelado resultado. Por um lado, o CDJ Candelária apresentou-se como uma equipa sólida, que se juntou a CD Vera Cruz e GDCP Livramento nos lugares cimeiros da tabela, enquanto que o GD São Vicente Ferreira, que vive uma situação comum a muitos outros clubes, tem mais do que espaço para crescer, com vários jogadores de qualidade no plantel, como exemplos de Gonçalo Silva, Rui Melo e Alex Rebelo.
FICHA DE JOGO
GRUPO DESPORTIVO SÃO VICENTE FERREIRA: Gonçalo Silva (GR); Martim Preto; Leonardo Leite; Gonçalo Borges e Guilherme Cunha.
SUPLENTES: Alex Rebelo (GR); Rui Melo, Ruben Oliveira e Miguel Silva.
CLUBE DESPORTIVO JUVENTUDE CANDELÁRIA: Gonçalo Coelho (GR); Henrique Duarte; Gonçalo Cabral; Telmo Oliveira e Rodrigo Cordeiro.
SUPLENTES: Gonçalo Pereira (GR); Lucas Correia; André Gonçalves; Gonçalo Sousa e Diogo Martins.
GOLOS: Gonçalo Cabral (7’ e 10’); André Gonçalves (8’), Henrique Duarte (12’ e 37’), Diogo Martins (14’ e 30’), Gonçalo Pereira (23’ e 38’), Telmo Oliveira (27’) e Rodrigo Cordeiro (30’).
- André Medina
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