Um dos maiores destaques da edição 2020/2021 do Campeonato de São Miguel incide sobre a reabertura e o regresso d’Os Oliveirenses a uma competição sénior organizada pela Associação de Futebol de Ponta Delgada, após 20 anos praticamente dedicados aos escalões de formação.

Sob a alçada de José António Sousa, o experientíssimo treinador que alcançou muito sucesso por outras paragens, foi criado um plantel, que procura agora trazer mais uma felicidade às gentes da Fajã de Cima, especialmente numa época tão atípica como esta.

Mas a tarefa não tem sido fácil: no jogo de estreia na competição, disputado a 27 de setembro, perante o seu público, Os Oliveirenses acabaram por ser derrotados pelo CD Santo António, pela margem mínima (1-0). Na segunda jornada, uma complicada deslocação ao reduto do União Micaelense culminou numa derrota por 3-1.

De regresso a casa, Os Oliveirenses tinham, à 3ª jornada, talvez a maior e melhor oportunidade para conseguir somar o primeiro triunfo, pois teriam pela frente a formação do Benfica Águia Sport, equipa que também procurava amealhar os primeiros pontos.

E foi sob esta premissa que as equipas se encontraram no último domingo (11 de outubro), no Campo Tibério António Moniz Ribeiro, num jogo arbitrado pelo já veterano Duarte Travassos.

Em relação ao 11 apresentando no Campo Marquês Jácome Correia, José António Sousa promoveu 4 alterações: Milton Medeiros regressou para o meio campo, Henrique Cunha ocupou a posição de Ruben Pereira; Henrique Leite e Luís Aguiar, mais conhecido no mundo do futebol por Drula, também entraram no 11, rendendo André Pontes e Frederico Medeiros.

Já Pedro Sousa, técnico do Benfica Águia, promoveu 3 alterações ao 11 que participou no espetáculo de golos do fim-de-semana anterior, com o Marítimo SC: Rodrigo Paiva voltou para defender as redes; Francisco Cansado e Mateus Costa renderam os lugares ocupados por Júlio Moniz e Miguel Amaral.

E com todos os dados lançados, só faltava mesmo aguardar pelo apito inicial para a partida.

Numa tarde solarenga, mas também ventosa, os primeiros minutos foram aproveitados para as equipas se estudarem, perceberem os posicionamentos táticos e as melhores formas de os contrariar.

Assim, não é com estranheza que a primeira oportunidade de perigo tenha surgido apenas à passagem dos 15 minutos, com Nelson Botelho a alvejar à baliza guardada por Bernardo Santos, mas o remate saiu por cima. Minutos depois, e a jogar a favor do vento, o Benfica Águia percebeu que as bolas paradas poderiam ser uma arma a ser explorada. E esse cenário materializou-se ao minuto 20, quando um canto convertido por Mário Andrade, mais conhecido por Mário Jorge, encontrou Tiago Benevides na área d’Os Oliveirenses, mas o cabeceamento acabou por sair ao lado.

Sendo um dos mais inconformados, Mário Jorge era o principal motor do jogo do Benfica Águia, sendo que praticamente todas as jogadas passavam pelos seus pés. O talentoso médio percebeu o espaço em profundidade deixado pelo lado esquerdo da defensiva dos Oliveirenses. E assim, durante praticamente toda a 1ª parte, Mário Jorge estava constantemente a isolar o rapidíssimo Marco Moniz na direita. Mas, ou por causa do vento, que insistia em empurrar a bola para fora das linhas de jogo, ou por causa da inteligente armadilha de fora-de-jogo montada pela defensiva d’Os Oliveirenses, o Benfica Águia não conseguia capitalizar as várias investidas feitas pelo seu lado direito, pelas costas da zona defendida por José Melo, mais conhecido por Nicolau. Numa das raras situações em que a bola não saiu pela linha lateral ou de fundo, ou Marco Moniz não foi apanhado em fora-de-jogo, o Benfica Águia teve uma das melhores oportunidades do primeiro tempo: com espaço para correr e até tirando o guardião d’Os Oliveirenses do caminho, Marco Moniz já não teve ângulo e discernimento para finalizar o lance da melhor forma.

Apesar do equilíbrio na posse de bola, Os Oliveirenses não conseguiram criar grandes oportunidades no primeiro tempo, limitando-se a travar as várias investidas do Benfica Águia, através de uma linha defensiva bem montada, liderada pelo capitão da formação, Carlos Santos. A formação caseira até chegou a marcar, através de um canto, mas Duarte Travassos assinalou falta sobre o guardião do Benfica Águia.

Na primeira parte, nota ainda para a saída de João Amaral, o único jogador admoestado na primeira parte, que acabou por sair lesionado, sendo substituído por Júlio Moniz.

Na 2ª parte, e percebendo as dificuldades no lado esquerdo defensivo, José António Sousa lançou Miguel Mendonça para o lugar de Nicolau, recuando Henrique Cunha para lateral esquerdo. No lado oposto, Pedro Sousa promoveu mais duas alterações: Diogo Viveiros rendeu o lugar de Marco Moniz e Ivo Costa entrou para o lugar de Francisco Cansado.

As mexidas nas equipas tiveram um duplo impacto: por um lado, a entrada de Miguel Mendonça trouxe mais estabilidade à equipa d’Os Oliveirenses. A formação da casa começou a trocar mais e melhor a bola, permitindo que Milton Medeiros pudesse finalmente pegar no jogo e começar a ditar o ritmo do mesmo: logo a abrir a 2ª parte, ensaiou um remate à baliza adversária, mas saiu ao lado. Por outro lado, a saída de Marco Moniz impediu o Benfica Águia de continuar a explorar o espaço nas costas da defensiva adversária.

A inspiração e confiança crescentes do meio-campo d’Os Oliveirenses era notória e, poucos minutos depois, Henrique Leite também dispôs de uma oportunidade, mas sem sucesso. Apesar do controlo d’Os Oliveirenses, a oportunidade mais flagrante da 2ª parte (e do jogo) pertenceu ao Benfica Águia: ao minuto 60, um lance fantástico do inconformado Mário Jorge na esquerda acabou por encontrar Nelson Botelho isolado na área adversária, mas com a baliza completamente aberta, o avançado não conseguiu dar a melhor finalização ao lance. O remate acabou por sair muito fraco, permitindo que Bernardo Santos chegasse à bola antes de ela transpor a linha de golo.

Com os ponteiros a correr para o minuto 90, o técnico d’Os Oliveirenses lançou André Pontes no jogo, procurando trazer mais velocidade e profundidade ao jogo da equipa caseira. Antes disso, Nelson Botelho havia saído para dar lugar a Fernando Graça. Perto de se entrar nos últimos 15 minutos, José António Sousa promoveu nova alteração: Drula, um dos jogadores mais esforçados do ataque d’Os Oliveirenses, saiu para dar lugar a António Ferreira, numa clara aposta no jogo aéreo. Praticamente no minuto seguinte, Milton voltou a tentar a sua sorte de longe, mas o remate saiu novamente ao lado.

Apesar do menor controlo sobre a posse de bola, foi o Benfica Águia que dispôs de mais duas oportunidades, ambas por intermédio de Mário Jorge: primeiramente, através de um livre numa zona perigosa, mas o remate acabou por sair por cima, sem perigo; e, em segundo lugar, uma bola que ficou a pingar na área, após um canto, com  a bola a rasar ainda na barra da baliza de Bernardo Santos.

Até ao final da partida, destaque para a saída de Milton Medeiros, que deu o lugar a Vítor Medeiros.

Após o apito final de Duarte Travassos, as honras foram repartidas. Com vários momentos de domínio e lances perigosos para cada equipa, o empate acabou por ser o resultado mais apropriado. Benfica Águia e Os Oliveirenses somaram o primeiro ponto na edição 20/21 do Campeonato de São Miguel, mas a formação oriunda da Fajã de Cima procura ainda o sabor da primeira vitória no regresso oficial à competição sénior, após duas décadas de ausência.

Destaque, ainda, para o excelente trabalho de Duarte Travassos, que, ao seu estilo singular, manteve um critério bastante largo, permitindo que o jogo não fosse constantemente interrompido por pequenas faltas.

FICHA DE JOGO:

CLUBE DESPORTIVO OS OLIVEIRENSES: Bernardo Santos (GR); Carlos Santos ( c ); Miguel Gonçalves; Nuno Sousa; Henrique Cunha; Milton Medeiros; Henrique Leite; João Sousa; Luís Aguiar; José Melo e Marco Pereira.

SUPLENTES UTILIZADOS: António Ferreira; André Pontes, Vítor Medeiros e Miguel Mendonça.

BENFICA ÁGUIA SPORT: Rodrigo Paiva (GR); Mário Andrade ©; Francisco Cansado; Tiago Benevides; Fábio Aguiar; Ricardo Lima; Marco Moniz; Nelson Botelho; Mateus Costa; João Amaral e Simão Vieira.

SUPLENTES UTILIZADOS: Ivo Costa; Diogo Viveiros; Júlio Moniz e Fernando Graça.

- André Medina

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